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quarta-feira, 5 de junho de 2013

Autor: Bruna Vieira -Bem vinda a fase adulta



- É tolice.

- Eu sei que é, mas está me matando por dentro. Cada dia sinto uma dor diferente. Como se estivesse se espalhando. – Disse, respirando forte, só para garantir que ainda doía. Naquele momento, na boca do estômago.

- Não diga bobagens. O que você tem não é uma daquelas doenças em que as pessoas se recusam a dizer o nome. Também não é amor. É drama. É pena de si mesmo. Vai passar.

- Dizem isso o tempo todo.

- É porque as pessoas, huuuum, digamos, elas vivem. Saem de suas casas todo dia, enfrentam horas no trânsito e ainda se arriscam em relacionamentos que obviamente não vão dar certo. E claro, depois de alguns meses, se ferram.

- E porque elas continuam tentando? – Retruquei.

- A ressaca do amor nunca dura para sempre. Não é como nos filmes, sabe? Vivemos no planeta terra. Temos um elenco que conta com bilhões de pessoas.

- Como eu descubro qual é a certa?

- Posso te contar uma coisa? A pessoa certa não existe. Todas as pessoas são um pouco erradas. Só depende do seu ponto de vista. Eu mesma já conheci dezenas de caras que me fizeram chorrar feito um bebê dentro do banheiro. Com a porta trancada e o chuveiro aberto que é para ninguém mais escutar. Deles, além da pelúcia inútil escondida em algum canto do guarda-roupa, levo os sorrisos e as dores. Ok. Também algumas músicas e bandas que conheci enquanto estava com cada um deles.

- E onde é que você guarda as dores?

- Junto com os momentos bons. Deixo em equilíbrio. Não vale a pena apagar nossos próprios sentimentos, sabe? Acho que é tudo meio ligado. A dor, saudade, insegurança, felicidade… Vão fazendo uma trança. Como essa que estou fazendo em seu cabelo. – Disse, ao pegar o elástico da minha mão e dar três voltinhas no final da trança.

- Ah, é? Eu queria ter coragem para cortar ele curtinho. Como o seu.

- Foi uma metáfora, mas se você está encarando dessa forma, vamos lá: quando você tira uma parte da trança, ela se torna mais feia, mais frágil, mais boba. É importante que os fios estejam bem organizados e divididos. Assim como os nossos próprios sentimentos. Precisamos entender muito bem quem somos, antes de cobrar isso dos outros. É um exercício complicado, mas funciona.

- Eu sei muito bem quem sou. Sempre soube.

- Todo mundo pensa assim. Até o momento em que erra. Às vezes, erra feio. De um jeito que as coisas nunca mais voltam a ser como antes. Então, mudam para se adaptar. E acabam não se conhecendo mais por um bom tempo.

- Isso é bom?

- Não é bom, nem ruim. É a vida de um ser humano na fase adulta. Seja bem-vinda.


Nossa autora hoje é a Bruna Vieira novamente meninas, esse texto eu tirei do Tumblr de Pequenas doses de Bruna Vieira.

2 comentários:

  1. Ela é uma otima escritora, eu tenho o livro dela.
    Ganhei de presente, da minha professora de historia.
    Amei seu blog linda!
    Estou seguindo retribui: http://luadesangue1.blogspot.com.br/

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    Respostas
    1. Eu adoro ela kkk
      estou louca por esse livro!
      Obrigada apelo elogio=)

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