
Era tarde, a chuva
batia nas janelas do meu quarto, apenas uma pequena luz entrava pela
fresta da cortina. Um vento forte chicoteou meu rosto molhando-o com
algumas gotas da chuva. Corri para fechar a janela aberta, mas antes,
me permiti sentir aquele clima gostoso, aquele cheiro de chuva que
acalmava tudo. Me lembrei de quantas vezes havia ficado ali com ele,
sem me preocupar com a roupa molhada ou qualquer outra coisa, apenas
sentindo o momento, as vezes fazendo planos e as vezes em silencio,
mais cada vez que fazíamos isso era incrível.
Sentei na cama
encarando as gotas em minha pele, olhei em volta e tudo parecia
tão... Normal. A toalha molhada nos pés da cama, sua
roupa jogada no chão excerto pela sua camisa, que havia virado
meu pijama, Um porta retrato com a nossa foto iluminada apenas por um
abajur ruim que havíamos comprados sabe-se lá onde.
Senti cheiro de
chocolate quente e desci as escadas até a sala, a lareira
estava acesa, na mesa ao lado havia alguns pacotes de chocolate que
se acumularam com o tempo, o velho piano, agora permanecia solitário
coberto por uma espessa camada de poeira, aquele piano era a coisa
mais triste daquele lugar, durantes meses, todas as noites, ele
sentava-se lá e tocava uma musica suave enquanto eu preparava
nosso chocolate quente, então ele terminava a musica e nos íamos para a varanda e ficávamos olhando a lua. Sentei na
frente do piano e passei a mão sobre algumas teclas a saudade
esmagava meu peito...
As lagrimas
presentes todas as noites rolaram pelo meu rosto, já havia 5
anos que elas eram minhas únicas companheiras...
Eu o havia
conhecido quando ele tinha apenas 16 anos e eu 15, quando nos
esbaramos pelas ruas da pequena cidade, Nunca fui de acreditar em
alma gemea, por que não tem logica entre 7 bilhões de
pessoa existir UMA destinada a você. Mas ele segurou minha mão
naquele dia e nunca mais soltou... Até 5 anos atrás
nessa mesma sala, quando ele se despediu para ir trabalhar e nunca
mais voltou...
Senti uma mão
no meu ombro, e aquele cheiro inconfundível...
-Eu sabia que você
viria...
-Prometi que viria, e
vim todos os dias...
Segurei suas mãos
e ele me abraço pelo maior minuto da minha vida
-Aproposito feliz aniversario Disse ele com um cup cake com os números 29 em
cima, Sorri e agradeci, mais aquilo parecia tão... sei lá,
inapropriado para a ocasião. Ele me levou até um lugar
perto do chalé era um penhasco banhado pelo mar agitado, a
chuva caia ainda mais forte, mais nada interessava, ele estava ali...
-Vamos?- Ele disse olhando o penhasco
-Para onde exatamente?
-Não sei, vamos
descobrir juntos- dei mais dois em direção ao penhasco
sem soltar sua mão, Olhei fundo nos teus olhos e ele me beijou
e então só me senti caindo e caindo... a chuva me
atingia com velocidade e o vento chicoteava o meu rosto, Um trovão
soou alto ao meu lado e já não sentia absolutamente
nada!
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